quinta-feira, novembro 22, 2007

Sobre Feriados


J. Roberto Whitaker Penteado
(Editor da Revista ESPM)

E havendo Deus acabado sua obra, descansou no sétimo dia.
- Gênese

Acho que foi a primeira vez, na história recente, que ocorreu uma "ponte dupla" de feriados, e - quase todos - descansamos durante 6 dias seguidos. A honestidade não me deixa afirmar, contudo, que tenha sido uma experiência desagradável.

O tempo extra permitiu-me, por exemplo, fazer umas pesquisas, para registrar que são 12 os feriados oficiais, no Brasil. Sete deles são cristãos, católicos. O nascimento, a morte e a ressurreição de Jesus respondem por três. Os demais são os 2 do carnaval (há quem sustente que são datas "pagãs"), o dia da padroeira do Brasil e finados, escolhido pela Igreja no dia seguinte à festa de todos os santos, desde o século 13. Há dois feriados "leigos": a confraternização dos povos, em 1º de janeiro, e o dia do trabalho, no 1º de maio. Este é uma homenagem da Internacional Socialista aos mártires de uma greve, em Chicago, que ocorreu naquela data, no ano de 1886. É curioso que, apesar disso, os americanos festejem o seu labor day na primeira segunda-feira de setembro: uma invenção da CUT lá deles. Os 3 outros feriados são "históricos" celebram a morte de Tiradentes, em 1792; o "grito" da independência, no 7 de setembro de 1822 e a transformação do país em república, em 15 de novembro de 1889, diante do "bestificado" povo do Rio - como conta Aristides Lobo.

Há muitos feriados municipais, mas SP e Rio, nossas 2 principais cidades, são comedidas. SP celebra 3: a fundação da cidade, em 25 de janeiro de 1554; a revolução contra o governo central, pela constituição, em 9 de julho de 1932 e o novo dia "da consciência negra", escolhido em 20 de novembro para marcar a morte de Zumbi dos Palmares, no ano de 1695. O Rio, quatro: o de Zumbi (foi lá que surgiu), o dia do comércio (!) na 3ª segunda-feira de outubro e mais 2 religiosos (coisa que eu não sabia): S. Sebastião, padroeiro da cidade, em 20 de janeiro e o dia de S. Jorge: 23 de abril.

Contrariamente ao que se pensa, o Brasil não tem mais feriados do que os paises "desenvolvidos". Nos EUA o número é mais ou menos igual e, na França e no Japão, são em número bem maior do que aqui.

Fiz uma descoberta curiosa: as palavras féria e feira têm a mesma origem latina, e "féria" não é, necessariamente, um dia de descanso (teor que subsiste na expressão "féria" como resultado pecuniário do labor diário) - mas um dia de atividades e festejos, como eram as feiras populares e as quermesses.

E outra curiosidade: o português é o único idioma ocidental em que os dias de trabalho são designados como feiras. A coisa vem do tempo dos romanos. A "primeira feira" era, originalmente, no domingo, já que o dia oficial do descanso de Deus foi o shabbat hebreu. O imperador Flavio Constantino, contudo, já na era cristã, trocou o nome de primeira feira para Dies Dominica, dedicando um segundo dia de descanso (ou homenagem) ao deus dos cristãos. Mas parece que a "semana inglesa" só foi adotada bem recentemente, na segunda metade do século 20. E perdoem-me, mas não achei, no Google, uma origem para esta expressão...

Um comentário:

Anônimo disse...

OPA!!

Quantas informações!!

Seu MEXIDINHO é um delícia!